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sexta-feira, 5 de agosto de 2011

PERDI MEU VELHO

 
   Dia 19 de Dezembro de 2.006. Parecia um dia como outro qualquer, trabalhei o dia todo normalmente, quando por volta das 19:30 minha mãe me ligou desesperada e chorando muito. No telefone ela dizia que ele ( me pai ) estava bastante mal e que achava que ele não iria resistir, foi quando eu disse pra ela  ligar para SAMU  ( Serviço de Atendimento Municipal de Urgência ) e solicitar uma ambulância, que eu já estava saindo do trabalho. Mas pensei que aquela noite seria apenas mais uma noite turbulenta, pois eu já estava habituado a este tipo de chamado. Ou seja, por diversas vezes fui chamado para este tipo de emergência e sempre dava tudo certo. Nós éramos atendidos e liberados pra casa. Demorei mais ou menos uns 50 minutos, porque tive que passar no serviço da Patrícia ( minha esposa )  para pega-la. Logo que estávamos chegando em casa meu celular tocou, e era minha irmã ( Kézia ) dizendo que meu pai estava muito mal e que já havia sido atendido no CAIS e que estava aguardando outra ambulância com U.T.I. para remove-lo para um outro hospital. Só aí eu comecei a me preocupar pra valer.  Então rapidamente deixei a Patrícia em casa e fui imediatamente para o CAIS ( JD Curitiba I ). Quando cheguei no CAIS minha mãe estava aos prantos, no telefone publico falando com alguém, eu tentei acalma-la, mas ela estava muito desesperada. Quando entrei dentro do hospital o segurança não deixou eu me aproximar da sala em que meu pai estava, mas teve uma hora em que alguém abriu a porta e então eu me deparei com um quadro que até então nunca havia contemplado. Meu pai sentado numa cadeira ( pois não agüentava nem deitar por causa da dor no peito ) cheio de aparelhagem e respirando através de um balão de oxigênio, aí sim pude entender o desespero da minha mãe.  Mesmo assim fui forte o suficiente para acalmar minha mãe, que ficava o tempo todo repetindo que desta vez iríamos perder meu pai, foi então que eu raiei com ela. Me lembro que eu disse em tom forte, pra ela parar de enterrar meu pai antes da hora, e que se ela não parasse com aquele desespero eu iria levá-la para casa. Bom, então ela se acalmou por um espaço de tempo, foi ai que eu  entrei na enfermaria e perguntei a situação real de meu pai, me disseram que era gravíssima e que estavam só aguardando a ambulância para remove-lo ao HUGO ( Hospital de Urgêcia de Goiânia ). Naquele momento me deu uma vontade de falar com ele, pegar na mão dele, sei lá passar alguma força pra ele, mas era impossível. Foi então que pensei ( Quando forem remover ele pelo corredor até a ambulância eu dou toque nele e converso um pouco com ele. ) Mas isso não foi possivel, porque logo em seguida fui chamado pelo o guarda daquele hospital e o mesmo me disse que minha mãe estava passando muito mal, então ele me aconselhou a levar minha mãe para casa. De fato foi o que fiz. Apesar de ela estar bastante desesperada, eu consegui coloca-la no banco de traz do carro. Naquele momento a tal ambulância havia acabado de chegar, e eles estava conduzindo meu pai para dentro dela. Foi a última imagem que eu tive de meu pai ( vivo ). A situação era esta: A ambulância parada logo a minha esquerda, eu saindo com o carro, minha mãe no banco de traz e então eu parei e só pude vê-lo pelo retrovisor do carro...
 Assim que deixei minha mãe na casa da irmã Kárita ( esposa do ir. Geraldo ), passei em casa e peguei minha esposa e seguimos direto para o HUGO. Me lembro que eu estava muito abatido e segurando para não chorar ( queria parecer forte )  mas, não consegui me controlar, quando a Patrícia me perguntou por diversas vezes, como estava a situação de meu pai, então eu ( aos prantos ) lhe disse que ele estava mal, e que no outro dia seria o aniversário dele, e como iria ser...Naquela hora eu senti que aquela não era uma noite como uma outra qualquer. Então a Patrícia me consolou e seguimos em frente.
  Quando chegamos no HUGO por volta de 22:55, localizei minha irmã e pedi pra ela sair e deixar eu entrar ( pois só podia ter um acompanhante por pessoa ). Ela me disse que ele estava na UTI e que ninguém poderia entrar. Então segui direto para a porta da UTI, e todas vezes em que a porta abria eu via ele rapidamente.     Nisso o meu celular não parava de tocar, era minha mãe querendo saber notícias dele. Teve um momento, que foi passar uma maca pela aquela porta e ela se abriu por um espaço de tempo maior e então eu pude ver ele por completo, e no meu entendimento ele já havia melhorado, porque já não precisava mais da ajuda de aparelhos para respirar. E por simplicidade, liguei para minha mãe para dar a “boa” noticia. Só então que de repente saiu uma mulher com umas fixas nas mãos e perguntou por mim então pediu que eu a acompanhasse até a sala dela. No momento ( talvez por não querer aceitar a situação ) pensei que ela só iria dizer o que eu já estava acostumado a ouvir. Que meu pai precisava de cuidados, que o coração dele estava bastante inchado e que iria transferi-lo pra outro hospital, enfim, tudo que eu pensava que ouviria daquela moça seria isso. Só que desta vez não foi rotina, foi a ultima coisa que eu esperava ouvir. Parece que posso ouvi-la dizer friamente: Você é filho dele? Não tenho uma boa notícia pra te dar. Seu pai não resistiu. Ele faleceu. Minha reação foi de dúvida. Não queria acreditar, pedi para vê-lo, ela deixou, foi então que eu caí na real. Me senti como uma pessoa que quer se firmar em algo mas não encontra nada sólido para se apoiar. É uma dor que não dá pra descrever. Não sabia o que fazer, se avisava minha mulher, se ligava pra alguém. Foi então que liguei pra Paula ( esposa do meu tio Elias ) e então logo todos já estavam lá para me dar uma força. Me lembro que meu tio ( Braz ) ficou comigo aquela noite toda, resolvendo questões burocráticas, e vimos aquela madrugada passar minuto a minuto. Eu estava me achando forte, até então conseguindo me controlar. Dia 20/12/06 as 7:00 horas da manhã estávamos seguindo pra FUNDEC pra providenciar papelada do enterro, quando meu celular despertou com a seguinte mensagem: ANIVERSÁRIO PAI. Foi muito triste pra mim, eu havia colocado o celular pra despertar no dia 20 de Dez. pra mim não esquecer de dá uma ligada pra ele entes de eu sair para o trabalho. Minha intenção era lhe dá os parabéns, pois ele estava muito resmungão, dizendo que eu estava afastado dele e que eu estava sempre ocupado, cansado, trabalhando muito e que ultimamente não dava muita atenção pra ele... Ele faleceu no dia 19 de Dezembro de 2.006 às 22:45 ( porcas horas antes de completar 51 anos ) e a causa da morte será esclarecido por necropsia, acreditamos que foi coração, mas não importa. Ele se foi...

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